Um artigo se destaca na edição digital do Jornal O Globo desta segunda-feira, 17 de setembro de 2018. Com o título “Educação, pobreza e desigualdade”, e citando três pesquisadores brasileiros, ele sugere textualmente a seguinte premissa: “educação não é uma panaceia para reduzir a pobreza e a desigualdade e, mesmo que fosse, os resultados não seriam imediatos”. E continua: “Mais do que minimizar o efeito da expansão da escolaridade, o que o trabalho sinaliza é que outras variáveis - como, por exemplo, o valor do salário mínimo, transferências de renda ou o sistema tributário – teriam maior efeito para explicar melhorias nos indicadores econômicos analisados”.
Não li todo o trabalho citado, mas o Resumo diz exatamente isso. Ele está disponível em <https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=3189211>
Publicado na esteira da divulgação do relatório “Um olhar sobre a Educação”, da OCDE, justamente aquele que revela que mais da metade dos brasileiros economicamente ativos não têm o segundo grau, soa estranho.
Sou radicalmente contra o discurso da “Educação com propósito”. Mas todos os nossos indicadores de Educação são medíocres. E, com eles, os Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) e todos os demais que associam a existência humana com a tecnologia, com a saúde, com o conforto, com a violência, com as oportunidades…
Estamos em meio a um processo eleitoral cujas características, para dizer o mínimo, são confusas e ameaçadoras. Não bastasse a polarização de fazer inveja às torcidas inglesas de futebol, as pesquisas sinalizam para resultados completamente dissociados de qualquer lógica e análise sociológica, evidenciando que os anseios por renovação na política não serão atendidos; que as plataformas populistas (e, por que não, fascistoides de esquerda e de direita) seduzem a maioria dos eleitores; que as verbas públicas continuam sendo manipuladas pelos mandarins da política, exatamente aqueles que vão consolidando seus feudos; que a Justiça continua favorecendo aqueles que podem pagar os melhores advogados…
A economia brasileira é totalmente dependente do agronegócio, que por sua vez é intensivo em tecnologia importada, e é operado pelo capital internacional.
As únicas coisas que crescem sistemática e progressivamente no país são a desigualdade, a criminalidade e a omissão (ou ausência) do Estado. Com reflexos diretos nos custos da Saúde, Segurança, Previdência e, principalmente, da Educação - que, por sinal, fizeram e fortalecem as grandes fortunas brasileiras.
A Educação certamente não seria capaz de colocar mais pães à mesa onde faltasse o trigo, a terra ou as ferramentas.
Mas não permitiria que a grande maioria vivesse sem saneamento básico, sem emprego e amontoada em aglomerações subumanas, que os neologismos politicamente corretos passaram a tratar como “comunidades”.
Bom mesmo é saber que essas uvas estão muito verdes.
Certamente trariam mal-estar para alguns de nosotros…
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