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Jason Prado

Para ler o mundo e os mares: uma sugestão de Unidade de Leitura



Ezequiel Theodoro da Silva


O mar e seus mistérios, o mar e suas maravilhas – veja só, professor, que excelente oportunidade para você “navegar” com seus estudantes, colocando-se no “leme” de todo o processo e proporcionando, a partir dos autores desta coletânea, um “cruzeiro” de fantasia e alegria através de diferentes práticas de leitura.


A sua consciência como docente pode, sem dúvida, configurar muito bem o que significa o mar para as crianças e os jovens do Brasil. A maior parte deles não vive no litoral e nunca viu o mar; por isso mesmo, eles desenvolvem centenas de imagens a respeito da imensidão dos oceanos e dos seus múltiplos mistérios, desejando sempre, um dia, ver o mar, entrar no mar, dar umas boas braçadas contra as ondas, sentir a água salgada do mar e, quem sabe, construir mais um castelo de areia nas praias do mar...


RETOMANDO UM POUCO DA TEORIA PEDAGÓGICA

Nunca é demais lembrar que uma seleção de textos, por melhor que seja (e esta aqui é de excelente qualidade editorial), não funciona por si mesma nos espaços escolares. Ela precisa do mediador-professor (você!) para orientar o processo de modo que o prazer e a fruição realmente aconteçam durante as aventuras da leitura do grupo. De modo que o material possa ser aproveitado ao máximo na situação de ensino-aprendizagem, sem perder a sua capacidade de acender mais luzes para a compreensão da vida.


Lembra-se? Nossa teoria, conforme explicada mais detidamente no Caderno LEITURAS COMPARTILHADAS “RIOS” (a primeira desta série), envolve um trio de competências por parte do leitor, qual seja: constatação, cotejo e transformação. Esses três processos precisam ser objetivamente vividos com a turma de alunos de modo que os resultados do uso do material atinjam a maior significação possível, permitindo participação, troca de idéias e criação de novos textos por parte dos estudantes.


Lembra-se mesmo? Você, professor, deverá organizar, a partir deste “Mares”, atividades individuais e coletivas que levem os seus alunos a: (1) produzir compreensões primeiras de um ou mais textos selecionados (constatação), (2) partilhar idéias, conversando em pequenos grupos sobre os entendimentos que tiveram do texto (cotejo ou reflexão) e (3) gerar outros textos a partir de situações desafiadoras, que sempre impulsionem para frente o trem do pensamento e da criação textual (transformação).


DANDO FORMA AO ROTEIRO: UMA VIAGEM AO MAR

A minha hipótese certeira é que você, meu caro professor, ao deparar-se com um tema tão apaixonante e abrangente (mares), não terá muitos problemas para elaborar o “mapa desta navegação” para leitura. Um mapa que direcione os leitores nas escolhas dos muitos textos desta coletânea e, ao mesmo tempo, seja capaz de corporificar compreensões a partir das discussões, dos comentários entre si, das criações textuais que certamente vão ser corporificadas ao longo de todo o processo, ou melhor, de toda a viagem.


Tomo a liberdade de fornecer um (e não “o”) roteiro para essa viagem, sempre tendo como pressuposto a possibilidade de enriquecer ainda mais as suas iniciativas docentes e nunca perdendo de vista que ninguém melhor do que você mesmo para conhecer a realidade da sua sala de aula, da sua escola, dos seus alunos e, a partir desse conhecimento, tomar as melhores decisões pedagógicas para as suas aulas. Daí que o mapa traçado seja tomado como roteiro, como uma sugestão de quem quer lhe ajudar e nunca como uma receita insípida de como ensinar leitura em todos os quadrantes do Brasil. Sempre é bom lembrar que as metáforas da “viagem” e da “navegação” representaram muito bem o conceito de leitura ao longo da história da humanidade; hoje, inclusive, elas são recuperadas para representar os tipos de leitura que fazemos na Internet ou, se quiser, nos oceanos de informação da Internet. Você já deve ter ouvido ouviu essa expressão por aí, não é mesmo?

ATIVIDADES PARA ESQUENTAMENTO E MOTIVAÇÃO

  • DOBRADURAS – Peixe e barco, levando a uma discussão sobre peixes oceânicos, descobertas marítimas, tipos de embarcações, perigos do mar (que tal passar o filme para a classe o filme “Titanic”, campeão em oscars de toda a história do cinema ?). Produzir narrativas orais e escritas, personificando os peixes e trazendo um pouco das mitologias que se originam dos habitantes do mar.

  • DANÇAS BRASILEIRAS – Muitas dessas danças expressam o movimento dos peixes, como o boto que tem o golfinho como seu parente marinho. Incentive os alunos a buscarem letras de canções que falem do mar (Paulinho da Viola está aí para mostrar que o mar é sempre reverenciado em seus poemas). Organize atividades que unam dança e música – faça as primeiras aproximações com alguns poemas da coletânea, como os de Fernando Pessoa, por exemplo, pois “navegar é preciso”...

  • PINTURA – Com lápis de cor e/ou aquarela, peça as representações que os estudantes fazem do mar. Provoque a análise crítica da situação dos mares hoje em dia. Traga alguns artigos de jornal que falam das catástrofes ocorridas nos últimos tempos e deixe que os jovens façam análises comparativas entre aquilo que foi expresso (nos quadros pintados) e aquilo que é noticiado pela imprensa.

SITUAÇÕES DE DESAFIO PARA OS GRUPOS DE LEITORES

Cabe enfatizar que as leituras dos textos do caderno Leituras Compartilhadas devem levar à produção de outros textos por parte dos grupos formados para levar adiante os seus projetos a partir da unidade “Mares”. Isto posto e reiterado, é importante lembrar que, neste caso, as situações devem ser tomadas como sugestões possíveis e que o próprio professor, a partir da sua imaginação criadora e conhecimento da realidade, poderá propor outras, talvez mais significativas e impactantes para as suas turmas de alunos. Vale lembrar que o caderno MARES será aqui tomado como o “oceano de textos” para onde se dirige as viagens ou navegações dos grupos formados em classe.

  • NAVEGAÇÃO 1 – O nosso oceano está repleto de mitos e mitologias... Queremos que vocês naveguem e identifiquem os que aparecem nos textos. Após a sua identificação, façam o desenho a cores de três deles para uma exposição em classe (ou no quadro mural, se houver ou puder ser inaugurado).

  • NAVEGAÇÃO 2 - O nosso oceano está ficando cada vez mais doente e “pedindo água...” Queremos que vocês entrem nas águas - isto é, nos textos - a fim de diagnosticar algumas dessas doenças. Façam cartazes em defesa dos mares e criem frases para serem repetidas pela classe numa passeata na escola.

  • NAVEGAÇÃO 3 – O nosso oceano tem muitas imagens lindas e multicoloridas, transmitidas pelos poetas... Queremos que vocês isolem algumas dessas imagens nas águas onduladas dos poemas. Depois, transformem as imagens verbais em imagens visuais, somando todas elas num grande painel a ser exposto aos demais grupos da classe.

  • NAVEGAÇÃO 4 – O nosso oceano está cheio de peixes nas suas diferentes plataformas... Queremos que vocês pesquisem, a partir dos textos, os peixes mais estranhos, com comportamentos também estranhos. Depois, relatem todas as estranhezas (ou seriam maravilhas’) aos demais colegas na forma de pequenas notícias de rádio, imitando os seus locutores favoritos.

  • NAVEGAÇÃO 5 – O nosso oceano se mexe o tempo todo através de movimentos os mais diferentes... Queremos que vocês detectem alguns movimentos revelados nos textos e preparem representações mímicas para cada um deles (o restante da classe será a sua platéia e poderá ser chamada a fazer os movimentos junto com vocês).

Outras navegações são possíveis de serem organizadas. Isto porque os textos de “Mares” são inesgotáveis em termos de significação, podendo levar os leitores curiosos a muitos lugares interessantes. Porém, deixamos ao professor essa tarefa; por sinal, uma tarefa muito gostosa à medida que põe para funcionar a sua capacidade para gerar situações que façam os estudantes se emocionar e vibrar com as situações vividas. Tudo vai dar certo? Não sabemos, pode dar tudo errado, mas pelo menos mais uma aventura pedagógica foi vivida e, por isso mesmo, será sempre lembrada por todos.


Ler, no fundo, não é apenas contemplar, mas ser levado, pelo texto, a pensar e a fazer certas coisas que nem tínhamos imaginado antes. Esta sim uma das maravilhas proporcionadas pelas práticas de leitura: fazer e sentir fundo certas coisas...


Ezequiel Theodoro da Silva - Doutor em Psicologia da Educação - Faculdade de Educação/UNICAMP - Universidade do Contestado/Caçador, SC

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